Por Bruno VioPecados íntimos, dirigido por Todd Field (Entre Quatro Paredes) e com Kate Winslet e Jennifer Connelly no elenco, surpreende exatamente pela obviedade. Na física, a lei da inércia diz que um corpo em movimento irá permanecer em movimento até que algo ou alguém aplique uma força contrária. Tudo que deve acontecer, vai acontecer - a não ser que algo ocorra.
No cinema o "algo" sempre ocorre. São as reviravoltas, os encontros, coincidências e acasos que impedem que a lei da inércia seja soberana. E é nesse ponto que o cinema se distância da vida real. A vida é mais obvia do que parece. Tudo que deve acontecer, costuma acontecer.
Em pecados íntimos, o ponto alto é a caracterização das personagens. A construção do roteiro possibilita que cada um exponha abertamente seu passado, suas frustrações e limites. Durante o dia eles são jovens pais perfeitos, dedicando-se ao sucesso dos filhos. À noite recorrem a pornografia na internet e casos extra-conjugais.
Até aí, muitos filmes fazem o mesmo. A diferença, é que neste filme a lei da inércia é respeitada. O final do filme é surpreendentemente obvio.
Personagens não se libertam dos limites que as circunstâncias do passado determinam. O roteiro, assim com a vida é justo e cruel. Nada ocorre, nada muda.
Pessimista? Acredito que não. O filme é realista. Um manifesto contra o movimento auto-ajuda. O filme deixa claro que intenções não são suficientes para acabar com a lei da inércia.