24/04/2007

No cinema, o óbvio é surpreendente.


Por Bruno Vio

Pecados íntimos, dirigido por Todd Field (Entre Quatro Paredes) e com Kate Winslet e Jennifer Connelly no elenco, surpreende exatamente pela obviedade. Na física, a lei da inércia diz que um corpo em movimento irá permanecer em movimento até que algo ou alguém aplique uma força contrária. Tudo que deve acontecer, vai acontecer - a não ser que algo ocorra.
No cinema o "algo" sempre ocorre. São as reviravoltas, os encontros, coincidências e acasos que impedem que a lei da inércia seja soberana. E é nesse ponto que o cinema se distância da vida real. A vida é mais obvia do que parece. Tudo que deve acontecer, costuma acontecer.

Em pecados íntimos, o ponto alto é a caracterização das personagens. A construção do roteiro possibilita que cada um exponha abertamente seu passado, suas frustrações e limites. Durante o dia eles são jovens pais perfeitos, dedicando-se ao sucesso dos filhos. À noite recorrem a pornografia na internet e casos extra-conjugais.

Até aí, muitos filmes fazem o mesmo. A diferença, é que neste filme a lei da inércia é respeitada. O final do filme é surpreendentemente obvio.
Personagens não se libertam dos limites que as circunstâncias do passado determinam. O roteiro, assim com a vida é justo e cruel. Nada ocorre, nada muda.
Pessimista? Acredito que não. O filme é realista. Um manifesto contra o movimento auto-ajuda. O filme deixa claro que intenções não são suficientes para acabar com a lei da inércia.

3 comentários:

Rê Gallo disse...

Boa, Bruno Vio. Devia colaborar mais. Se não te derem espaço, pode me mandar.. rs
Bjs.

Anônimo disse...

bruno vio escreve bem, mas tem uma preguiça... ainda nos deve uma série sobre a função de cada instrumento, lembra, bro?

Anônimo disse...

eu ainda acho que os personagens do filme foram construidos de forma caricata demais para constituir o realismo que você descreve. Mas adorei sua critica (como se eu não adorasse tudo o que você faz).

Casal, gostei do blog!
Vou visitar mais vezes.

bjos
Brisa