23/09/2008

Arte tem preço?

Há pouco mais de um ano escrevi aqui o post “Arte tem preço”, baseado em um estudo da Universidade de Chicago e na obra de Damien Hirst. Semana passada, no meio do maior auê financeiro em décadas, Hirst vendeu obras a dezenas de milhões de dólares. Enquanto bancos com mais de um século de idade cambaleavam, o artista arrecadou R$ 359 milhões em 24 horas. Andei lendo muito sobre o assunto. Há críticos que dizem que Hirst consegue vender "uma obra de merda" por uma nota e outros que dizem que o fato evidenciou que o preço da arte não tem relação com a chamada economia real. O melhor texto que li foi este, do Aliás, do Estadão, que bem questiona as somas suntuosas que Hirst tem arrecadado e defende a tese de que o preço comercial da arte tem relação, sim, com a quantidade de riqueza das pessoas. A meu ver, se há um ano Hirst era o símbolo máximo de um artista que sabia se vender, a bolha financeira fez com que ele se tornasse, agora, o ícone da ostentação e da avareza capitalistas. Se, neste momento a economia se apega em fundamentos para justificar o valor de ações, títulos e empresas, logo logo nas artes serão feitos questionamentos mais profundos sobre os "fundamentos" que justificam o valor de determinados artistas. Será a prova de fogo para a arte contemporânea. O mundo já percebeu que arte tem preço, mas perceberá que esse preço tem limite? Daqui a mais um ano, volto ao assunto.

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