Um anúncio publicitário que antecede o filme Homem-aranha 3 diz muito sobre o próprio filme. No comercial, Marcos Mion fala das vantagens de um novo processador da Intel que te permite fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Segundo a propaganda, é possível, ler, pesquisar, jogar “games” e fazer muitas outras coisas juntas. O bordão é “multiplique-se”. Nessa onda da demanda infinita por informações e a chuva de novidades sobre nossas mentes do mundo contemporâneo, o bom diretor Sam Raimi decidiu apelar – não encontrei termo melhor – multiplicando tudo que ocorre no filme. Só para quem não viu entender melhor resumo: trata-se de três bandidos, sendo que um vira mocinho, e um mocinho, que temporariamente vira bandido, e três mulheres que ou namoram ou flertam o protagonista, sendo que uma delas beija o vilão que vira bonzinho e outra é namorada do vilão que fica mais mau conforme o filme passa. Isso porque nem falei da pancadaria. O filme faz você não tirar o olho da tela e é excitante – também não achei termo melhor -, mas superficial, raso e, por vezes, besta. Desperdiça boas oportunidades de aprofundar os personagens – que, nos quadrinhos, têm suas razões de existir, mas acabam parecendo patéticos fora de um contexto – porque são inúmeros e não haveria tempo para tal. Porém, remetendo novamente ao Mion, penso se não é isso que o povo quer: catarse, chuva de informações, acontecimentos e imagens explosivas. Procurariam isso, pois tudo acontece dessa forma no mundo real atualmente. Sou partidário de que os filmes retratam parte da realidade em que são produzidos, portanto, mesmo achando o filme ruim, infelizmente, tenho de reconhecer que parte desse caos cinematográfico é resultado de nossas vidas cotidianas.