02/09/2008

Velha Guarda Social Club

O Mistério do samba” é mais um documentário ruim sobre músicos muito bons. A produção de Marisa Monte, a filha do Jabor e um sobrinho do Chico parece aquele documentário “lá em casa”, de gente que não se dedicou tanto ou não tem conhecimento de como explorar bem o material em mãos. Bom, o filme é sobre a Velha Guarda da Portela, bem naquele pique Win Wenders, com entrevistas espaçadas com músicas, mas sem andar um milímetro a mais. Tem todos os velhinhos que fizeram os ótimos sambas da escola de Oswaldo Cruz, mas, pasmem, não há uma cena de desfile na Sapucaí. Sim, é um documentário sobre uma escola de samba sem um carnaval. Não tem sequer uma imagem da águia da Portela. Tem Paulinho da Viola, mas não tem “Foi um rio que passou em minha vida”, maior homenagem à escola. Eles descobrem documentos e letras históricas, mas não rolou um scanner, para apresentar aquilo de maneira decente. E as gravações encontradas são captadas em áudio ambiente, sem um trabalho para jogar aquilo direto no vídeo. O conteúdo é ótimo. Os sambas, as histórias, os personagens... Impressionante como o samba mantém aqueles velhinhos vivos, sãos e felizes. Mas isso não faz do filme um bom documentário. Faz um bom relato sobre a Velha Guarda da Portela. Mais nada.

3 comentários:

Henrique Crespo disse...

Não vi o filme ainda. Fazer documentário não é juntar material filmado. Muita gente que se aventura pelos documentários acha que basta filmar e colar umas entrevistas. Pelo que andei lendo por aí o Mistério do Samba é um filme irregular. Uma pena. O tema rende muito.

Mas acho que o filme não é sobre a Escola de Samba, exatamente, mas sobre a velha guarda da Portela né?
Marisa Monte sabe bem sobre o assunto, seu pai foi da Escola e ela sempre conviveu nesse universo. Marisa inclusive gravou discos com eles e gravou disco deles em seu selo Phonomotor

Dan disse...

Oi, Henrique.
Pois é. O filme é sobre a Velha Guarda mesmo, mas dissociá-los do desfile é, a meu ver, como falar sobre um time de futebol sem mostrar uma partida ou falar sobre um autor sem citar sua maior obra.
Você citou um ponto que eu nem mencionei, mas sobre o qual eu acho que o filme também pecou. Ele mostra a intimidade de Marisa Monte com o pessoal da Portela, mas em nenhum momento explica que seu pai foi da escola ou que ela já gravou com eles.
Documentários sobre músicos são muito irregulares, mesmo. Já vi filmes ruins com artistas ótimos, como o de Bob Dylan (No direction home, de Scorsese) e outros ótimos, mas com artistas menos cultuados como Tupac Ressurection, sobre o rapper.

Anônimo disse...

O principal problema do filme que achei é que as pessoas da Portela são muito originais, autênticas e verdadeiras. Já a MM não tem nada de original...