06/06/2008

Mártir

Hoje estréia o documentário Joy Division, em São Paulo, sobre a vida da banda e de Ian Curtis. Esta semana, vi a ficção Control, também baseada na vida dele. No trailer do documentário, que antecipou o filme, alguém fala que a história do Joy Division é a última história verdadeira do rock. Concordo e, para mim, a banda voltou em evidência porque Curtis falava e vivia angústias cada vez mais verdadeiras entre os jovens – entre essas angústias a própria depressão. Foi engraçado, por exemplo, ver como Curtis ouvia e lia, na época, exatamente as mesmas coisas que eu, por exemplo, tenho lido e ouvido nos últimos dias. No catolicismo, vemos muitas vezes santos que se destacam por apenas uma atitude – altruísmo, bondade, dom de cura, etc. No céu e no inferno de Dante, vemos níveis em que as pessoas eram classificadas também por apenas uma característica mais marcante: avarentos, invejosos, aduladores e, na outra ponta, os generosos, os bondosos, entre outros exemplos. Onde Curtis estiver agora ele carrega a pecha de revolucionário, mas nele se incluem ainda diversos adjetivos. É o diabo do individualismo, do egoísmo, da decepção e da fraqueza. Mas é o santo redentor que liberta as pessoas pela poesia, pela música e pelo romantismo. Ainda no paralelo religioso, Ian Curtis foi o São Sebastião do rock’n roll, indicado pela irônica Divisão da Alegria para fazer com que os corações dos roqueiros não enfraquecessem jamais. Vida longa ao seu legado e a todos os que nele crerem.

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