28/03/2008

Fuloresta do samba

Por Joatan

Sempre se discute onde o Brasil é Brasil. Onde esta a identidade brasileira...
As respostas eu jamais terei, mas acho que temos uma pista sobre onde ela está. O segundo disco do Fuloresta do samba, sob o comando do grande mestre Siba (do Mestre Ambrósio). Com apetite arqueólogo e antropofágico, Siba convocou uma trinca (Biu Roque, Mané Roque e Manoel Martins) de cantores-percussionistas do interior de Pernambuco para formar o núcleo de sua fuloresta do samba. Com o segundo disco, a proposta nos transporta para um “Brasil” onde tudo é mais real e importante culturalmente. As batidas do disco vêm com referência de cirandas, coco, maracatu e, claro, samba. Samba este que guarda pouca semelhança com o partido alto que se ouve no Sudeste ou com os pagodes que nos finais de semana a classe média agüenta nos bares de São Paulo. Com metais dignos das grandes festas de reisado do interior com pitadas de frevo. O disco surge como uma grande máquina de transporte e documentação cultural, com letras tão contemporâneas que falam diretamente tanto com o cabloco do catolé do rocha, Arcoverde ou imigrante das megalópoles, ou ruas congestionadas de São Paulo. Temas como a morte, futebol, solidão, etc. são tratados e documentados com um olhar realmente forte de um povo que sofre muito, mas nunca se entrega.

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