01/06/2007

Kieslowski - I

A primeira vez que pensei em cinema como arte na vida foi (relativamente tarde) no Senac-SP, em um curso que acho que não existe mais - chamava-se "Como contar uma história em vídeo" ou algo assim. Na segunda aula (a primeira foi sobre Orson Welles), o professor apresentou a introdução de "A liberdade é azul", de Krzysztof Kieslowski. Ali percebi como é possível expressar tanta informação de forma artística, sem praticamente nenhuma palavra. Foi uma descoberta reparar como tudo tem explicação naquela introdução: o óleo pingando no carro, a menina descendo para o xixi, a pose do pai demonstrando seu cansaço... Na cena do acidente, a corrida do observador largando o brinquedo nos convida a deixar a ingenuidade e acompanhá-lo para a história. No local do acidente, a fumaça do carro indica as mortes. A bola se perdendo, a infância que se esvai... Tudo ali fazia sentido, assim como tudo tem sua razão de ser nos filmes de KK, do início ao fim. Vale a pena revê-lo hoje para perceber como é possível ser sutil e belo ao comunicar-se com a massa e que há um mundo agradável e misterioso muito diferente daquele do Homem-aranha.

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