08/11/2006

O anjo da história


Esta imagem e a sua descrição abaixo (de Walter Benjamim, traduzida por Cláudio R. Duarte) vez por outra vêm a minha mente. Em geral, esse desenho do Paul Klee surge na minha cabeça em momentos não tão animados, mas não quero que a vejam como depressiva. Acho que o que me atrai é a exposição crua da realidade de nossa vida. Bom, leiam abaixo e façam críticas à vontade.

Há um quadro de Klee chamado Angelus Novus. Representa um anjo que parece a ponto de afastar-se para longe daquilo a que está olhando fixamente. Seus olhos estão arregalados, sua boca aberta, suas asas estendidas. O anjo da história deve ter este aspecto. Seu rosto está voltado para o passado. Onde diante de nós aparece um encadeamento de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que vai empilhando incessantemente escombros sobre escombros, lançando-os diante de seus pés. O anjo bem que gostaria de se deter, despertar os mortos e recompor o que foi feito em pedaços. Mas uma tempestade sopra do Paraíso e se prende em suas asas com tal força, que o anjo já não as pode fechar. A tempestade irresistivelmente o impele ao futuro, para o qual ele dá as costas, enquanto o monte de escombros cresce até o céu diante dele. O que chamamos de Progresso é esta tempestade.

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