08/01/2009

A guerra nos quadrinhos

O conflito entre judeus e palestinos resgata aquilo de pior na raça humana, que é a capacidade de considerar outros das mesma espécie como seres inferiores. A imprensa do mundo todo tem publicado diariamente artigos que evidenciam as truculências e atrocidades engatilhadas por israelenses e o modo , não mais ameno, como os palestinos revidam seus ataques. Muito se questiona sobre como o anti-semitismo pode ter se disseminado de forma tão forte entre os judeus, que sofreram imensamente pelo mesmo motivo no Holocausto. Tudo parece inconcebível. Minha leitura atual explica algo dessa discórdia entre seres humanos. Estou terminando “maus”, história em quadrinhos de Art Spiegelman vencedora do Prêmio Pulitzer. Nela, o autor descreve de forma integralmente sincera (inclusive com seus desafios pessoais) a história do próprio pai, um judeu polonês sobrevivente de Awschwitz. Estive lá em 2007 e nunca havia visto relato tão palpável sobre o cotidiano dos prisioneiros do campo de concentração, que eu só tinha conhecido na visita ao local – um dos piores dias de minha vida e certamente inesquecível. O livro é resultado de uma longa entrevista de Spiegelman com seu pai, Vladek, em que descreve suas experiências. Mas o ponto mais impressionante do relato é uma pequena passagem, entre as entrevistas, em que Vladek – a própria caricatura do judeu avarento, como diz o autor – revela um profundo preconceito com relação a um negro americano. Para ele, todos os negros eram ladrões. E, mesmo interpelado pela nora sobre sua atitude similar aos carrascos de sua família, Vladek prefere fugir a discussão oral. Enfim, é um diário de Anne Frank em quadrinhos, com nuances que revelam (difícil usar o termo justificam) os porquês de certas atitudes humanas. O nome do livro, “maus”, significa ratos em alemão, que é como Spiegelman desenha o povo judeu nos quadrinhos (os alemães são gatos e os poloneses, porcos). Mas, na conjuntura atual, o termo que denomina os judeus bem que poderia ser um adjetivo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu li... e é muito foda!

Mas, o mais foda é ver um povo que tanto sofreu, usar esse sofrimento como muleta (casus belli) para cometer atrocidades contra outro povo. E não, não estou falando só desses ataques.

O pior é que isso só alimenta o Hamas e outros extremistas e terroristas árabes q cometerem outras atrocidades que irão alimentar os terroristas do estado israelense.

Uma retroalimentação de ódio que não tem fim.

Já que é a terra santa, bem que algum ser humano podia ser iluminado pelos homens santos que nasceram e deram sua vida lá.