O inferno de Sartre

Por Patty Ewald

Durante o carnaval, longe de todo o tipo de folia e insuportáveis coberturas de desfiles mais-do-mesmo, acabei lendo – digamos que acidentalmente – o livro da peça escrita em 1944 por Jean-Paul Sartre, “Entre 4 Paredes”. É uma leitura rápida e agradável em forma de roteiro. São três personagens: Garcin (um jornalista), Inês (uma jovem excêntrica e lésbica) e Estelle (uma burguesa rica e fútil).

A questão é que, após a morte, essas três pessoas, aparentemente sem vínculo algum, são postas numa mesma sala onde não há espelhos, janelas e a luz nunca se apaga, um aposento no inferno que nada tem a ver com fogo, carrascos e etc. Nesta convivência contínua as personagens vivem embates entre si e principalmente consigo.

“Garcin não suporta a futilidade de Estelle, que não suporta a sinceridade de Inês, que não suporta a covardia de Garcin”. É nessa obra que Sartre escreve a famosa frase, “o inferno são os Outros”, mas uma outra também me chamou a atenção: “eu não te amaria, te conheço demais para isso”. Então tá...