Insensatez

O lado delas e o deles, no novo Babenco

"Quem manda na relação é a mulher. Por mais que o homem seja agressivo nos negócios, por mais que ele seja autodeterminado nas atitudes empresariais e comportamentais, o vetor da relação é a mulher", disse Hector Babenco à Folha, em matéria sobre o seu mais novo e provavelmente melhor filme, "O Passado", com Gael Garcia Bernal. O filme - que abriu a última mostra de SP - trata dos relacionamentos amorosos de Gael e como eles (ou elas) permanecem ao longo de sua vida. É uma história realista (embora com esse adjetivo eu possa ser considerado cético) sobre como elas são capazes de absolutamente qualquer coisa, no âmbito da relação homem-mulher. Os homens, como em Gael, sofrem e perdem o chão por inúmeras vezes ao longo da vida. O filme mostra a insensatez feminina e o estreito limiar entre fixação e paranóia. Nem por isso, o homem retratado por Babenco é ingênuo. Muitas vezes ele também é desprovido de caráter, como na cena chave do filme. Sobre a direção, Babenco consegue manter uma linha simples de pensamento em uma história complicada. Ele transmite sensações ao longo de todo o filme, com pequenos deslizes em trilha com violinos pedantes e cenas desnecessárias, como a das ruas de São Paulo. Por sinal, o filme se passa em Buenos Aires, com algumas belas imagens.