23/11/2007

Casa de areia

Por Patty Ewald

Tão acostumada que sou com a estranhíssima programação do Canal Brasil, me surpreendi quando, no meio da tarde, pude assistir ao filme “Casa de Areia” (2005). A idéia inicial desse longa surgiu com a foto de uma antiga casa abandonada entre dunas de areia. Gravado no Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, o filme conta a história de três gerações de mulheres – de 1910 a 1969 - obrigadas a viverem numa região quase inóspita.
Dirigido por Andrucha Waddington e com roteiro (nessa onda de greves, vai saber) de Elena Soárez, foram utilizados momentos pontuais do século XX para mostrar a passagem do tempo, com ajuda da ótima alternância de papéis entres as Fernandas do elenco (Torres e Montenegro), uma interpretando a juventude e velhice da outra. Seu Jorge, Luiz Melodia, Stênio Garcia, entre outros fazem parte do filme.
É uma sensação interessante assistir ao filme e por um momento se imaginar na situação daquelas três mulheres, obstinadas a saírem de lá, mas se vendo cada vez mais presas àquele lugar deserto.
Abaixo um dos diálogos mais bacanas, coisa que a roteirista assumidamente decidiu por economizar, afirmando que “tende-se a resolver tudo no diálogo, mas o cinema trabalha com outra particularidade. Ele se resolve com a imagem”:


- Mamãe, o homem pisou na lua.
- Na lua?! Mas como?
- Foguete. Uma espaçonave...
- E voltou mais moço...?
- Não, acho que até mais velho.
- E o que ele encontrou na lua?
- Nada.
- Nada?
- Nada. Dizem que encontrou areia.
- Areia...

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