25/09/2007

Arauto da periferia


A entrevista de Mano Brown no Roda Viva hoje mostrou diversas faces do mito antimídia, mas principalmente trouxe à tona o porquê de ele não falar às massas por meios de comunicação. É porque seus intermediários com o povo, no caso os jornalistas, simplesmente não conseguem se desfazer de paradigmas para atingir seu pensamento. Insistem em perguntas relacionadas a drogas e violência, quando o que Brown quer é exatamente se expressar por sua música, usando esses temas para se aproximar do público. Brown é seguido por uma imensidão de jovens fanáticos (como os que aparecem no vídeo acima) como se fosse um messias. O mais bizarro é que ele não assume a missão de redentor, mas sim como portador de mais inquisições. Dele não se tira respostas, mas perguntas. Quase todas prudentes. Quase todas inteligentes, como suas letras.
Mano Brown e os Racionais não são uma manifestação midiática porque sabem que os veículos de massa não querem suas perguntas. Eles querem respostas fáceis, sorrisos fáceis e bundas fáceis. Isso é tudo oposto ao que os Racionais carregam para seu público. A entrevista do Roda Viva não serve para gostar mais ou menos dos Racionais, mas para assimilar que ainda existe quem questiona, quem cria discórdias (infelizmente, às vezes sugerindo violência), mas, fundamentalmente, quem rompe com a ditadura da mídia easy listening - do que, certamente, eles não têm nada.
Ah, e vejam também este clipe acima até o fim. É uma experiência antropológica, fundamental para quem insiste em ignorar o hip hop.

3 comentários:

Felipe Marques disse...

fala dan blz? pô cara, eu até entendo o valor do cara, mas não consigo nem ver nem escutar.

Eu entendo que toda essa raiva dele é culpa de uma longa discriminação social e racial. Entendo que ele se tornou o messias da muitos jovens e entendo que muitos "boys" que ele ridicularizava em suas letras o veneram.

Apesar de não gostar de rap, acho que racionais tem letras boas, assim como as batidas e melodias. Por outro lado não consigo aceitar o preconceito ao contrário, um preconceito não mudo o outro. Acho que todos somos iguais, não tem branco, preto, pobre, rico, na hora da sororoca, todo mundo é igual.

Mas apesar de não conseguir nem ver e nem escutar, eu respeito o mano brown.

Anônimo disse...

Grande Dan!!! Realmente esta na hora de parar com essa midia easy listening!!! E comecar a nos atentar para o real problema: discriminacao e preconceito!!! Ja ta mais do que na hora das pessoas (que conseguiram, eh claro) utilizar o seu diploma para fazer algo descente por esse pais!!! Vamos acordar Brasil!!! Abracao e desculpem o desabafo!!!

Anônimo disse...

Qdo desenvolvi meu TCC (Casa do Hip Hop: uma festa para celebrar a vida, o título veio da frase de um cara considerado antropólogo do HH) tive mto contato com os integrantes desse movimento. É uma ótima esperiência, e até espantoso ver que mtos deles não tem lá mta admiração pelo Mano Bronw... pelo Marcelo D2 então, afirmam que ele se diz, mas não é do Hip Hop por um único fato: usa drogas - e fala abertamente sobre isso. Para quem quiser ver, o vídeo do meu TCC esta diponível. Esse assunto gera dicussão, lembro bem da minha banca da Facul.