06/04/2009

A sobrevivente

Ela nem imaginava.
Ela nunca tinha expectativa sobre quem seria seu companheiro de assento.
As poucas vezes que tinha esperado, tinha se decepcionado - gordos, velhos, loucos, faladores...
Dessa vez era diferente.
Ele era magro. Ela estava no meio de dois magros, o que deixa qualquer viagem mais facil.
O da direita falava no blackberry, mesmo com o aviao subindo.
Seria o teste se um telefone pode mesmo derrubar um aviao. Parecia uma criança, escondendo alguma coisa da mae.
O da esquerda remexia-se. Irriquieto.
Estalava os dedos, tentava dormir, passava as folhas da revista de bordo, tentanto fingir que as lia.
Ela observava e pensava.
Ela sempre se questionava se a gente sabia quando ia morrer. Se tinha algum sinal, alguma pista.
Ainda nao era o seu ambiente preferido. Estava longe disso.
E ela pensava, e pedia para os ponteiros passarem mais rapido.
E um vento favoravel fez com que o aviao chegasse 10 minutos mais cedo a Cannes. E ela agradeceu!

Nenhum comentário: