13/06/2011
Assim foi o "dia dos namorados"
Zé, desce uma gelada que a semana começou.
05/02/2011
Mais um show na fila!
Zé, precisamos de algo mais forte.
Início de temporada!
Zé, voltamos e agora e pra valer! Desce uma Original.
26/01/2011
A literatura do Irã
A autora iraniana conta a história de um grupo feminino de leitura que se encontrava semanalmente para discutir literatura inglesa e dividir um pouco das angústias do país que não permite às mulheres sorrir, andar pelas ruas sozinhas, olhar nos olhos dos outros, entre tantas outras privações.
Todos os autores discutidos durante os encontros eram ingleses, entre ele eles James Joyce e Jane Austen. O livro é bem bom, pecando muito pela tradução de Fernando Esteves, que comeu váaaarias bolas...
E a grande sacada de Azar é perceber que em duras realidades a ficção é a melhor maneira de ser feliz, de se transportar para outra realidade, menos dura.
Ah, os outros livros que li foi Persépolis de Marjane Satrapi e um outro em francês que chama "Je Me Souviens" de Zeina Abirached, todos com olhares femininos de uma realidade tão masculina.
Mundo Cão
Não tem outra maneira de definir o filme "Biutiful" de Iñarritu. MUNDO CÃO...
Mais uma vez ele destaca situações latentes na sociedade atual e coloca o dedo na ferida, pra que quiser ou não ver. Assim como fez em Babel, 21 Gramas e o mais antigo Amores Brutos.
Sem medo, ele fala mais uma vez de fluxos migratório, de dilemas familiares e da doença do século, o câncer. Mais do que isso, ele evidencia que nenhum ser humano é totalmente bom ou totalmente mal. Seus vilões se apaixonam, tem coração e solidariedade. E os bons nem sempre são tão bons assim. E o personagem principal, interpretado por Javier Barden, é a reunião de todas essas qualidades. Valeu, mas confesso que me bateu uma covardia frente a vida quando sai da sala de cinema...
29/10/2010
Não era para ser uma história de amor...
Além disso, Julia Roberts não é atriz suficiente para o papel. O Casamento do Meu Melhor Amigo lhe cai melhor... A feição dela não mudou durante as três etapas do filme. E isso é condição sine qua non para o filme existir.
O mais interessante dessa história é como a vida dela – no sentido mais profundo da palavra – mudou. Ela achou outro sentido em sua vida, em suas ações, na maneira de se relacionar com o mundo e as pessoas e tantas outras coisas. No livro eu consegui imaginar o semblante dela mudando e a felicidade chegando. A presença de um novo amor é só a conseqüência de tudo que ela descobriu... E não foi isso que o filme retratou... Uma pena...
Na foto - a verdadeira Liz
02/10/2010
Fotógrafo de sua esposa
Ele fez muito fotojornalismo durante sua vida, mas dedicou-se a fazer belos retratos de sua mulher e depois de sua filha. As fotos são lindas, com diversas técnicas e muita sensibilidade. Eleonor, esposa, e Bárbara, filha.
Ainda na Fundação é possível folhear diversos livros com fotografias do Bresson. Simplesmente incrível, o tipo de foto que eu mais gosto, aquelas que tem cheiro e som. Infelizmente o acervo dele está nos EUA. Valeria a ponte aérea.
Para descansar o olhar, algumas das fotos dele:
15/09/2010
5X Favela - O roteirista
Fiquei pensando a angústia na cabeça desses jovens no segundo semestre do terceiro colegial. Que futuro eles conseguem imaginar para eles? Tem gente que imagina ser piloto de avião, outros querem ser jornalistas, engenheiros, médicos. Mas a verdade é que a realidade é bem mais dura, ingressar em uma faculdade pública não é missão simples e fazer essas faculdades duvidosas raramente é a saída para o começo de uma vida profissional. Fiquei imaginando o sufoco dos professores em terem que passar uma esperança que possivelmente nem eles tenham para um grupo de jovens sedentos pelo amanhã.
Coincidentemente, a primeira história do 5X Favela é a de um jovem da comunidade que consegue entrar em uma faculdade pública e faz uma série de esforços para seguir seu sonho e conseguir o diploma de advogado. Sim, a resposta para minhas reflexões veio...
O jornalismo com cheiro, sabor e cor
Entrevistado de costas para a câmera, áudio ruim, repórteres pouco compromissados. O que parece a cobertura do carnaval da Rede TV aconteceu na verdade em 67. Ao ver o filme "Uma Noite em 67" fiquei pensando em como era melhor e mais divertido esse jornalismo descompromissado. Reali Jr e Cidinha Campos improvisavam à vontade, perguntavam o que bem entendiam e nem necessariamente prestavam atenção na resposta.
Esse é o jornalismo em que o telespectador quer mais é se divertir e informar e menos criticar cada cacofonia do jornalista ou eventual erro de conjugação.
O resto do documentário todo mundo já sabe, os festivais da canção da Record foram sim um grande celeiro de grandes cantores que pelo o que se percebe nitidamente, não se orgulham muito de ter participado daquele movimento que impulsonou a carreira de muitos deles. E por fim, bem que minha mãe sempre me diz que o Edu Lobo era um gato. Concordo!
(Na foto, os repórteres entrevistam Chico Buarque)
10/09/2010
Gotan Project
O trio francês citado fará 4 apresentações em nosso país.Para quem conhece e gosta desta banda, 06.10 em Rio, 07.10 em SP, 13.10 em Bahia e 15.10 em Porto Alegre. Caso não conheça, aconselho escutar a música Diferente do álbum Lunático (bem dançante). Por sinal, é possível dar download.
Zé, sexta é dia de ORIGINAL!
E lá vamos nós!
Sim, nada como uma programação de festival digna para ver em um só pacote uma porrada de banda sem ter que gastar 10X a mais. Começa o esquenta:
Zé, bracinho quase zerado e pronto pra voltar. Desce um engradado!
04/09/2010
Estar perto, estar longe - a vovó
Quando a gente sabe que é amado sabe que mesmo estando longe, estamos perto. Mas quando estamos longe vemos os que nos amam de outra maneira. Os vemos como indivíduos e não como papéis familiares que eles preenchem.
Hoje, ao ler alguns blogs, veio a inspiração de falar desses indivíduos. Deixar um registro dessas pessoas para quem as conhece e para quem não as conhece também. E a personagem do dia é a minha vó Maria, que acabou de completar 90 anos e talvez por isso esteja latente na minha memória.
No dia do aniversário da minha vó cheguei mais cedo na casa dela e enquanto ela se arrumava fiquei olhando a casa dela como há muito tempo eu não olhava. Uma casa cheia de lembrança, cheia de história e de História (com H maiúsculo). Quadros na parede, porta-retratos espalhados, livros, muitos livros, bibelôs, objetos da Europa, objetos de outras partes do mundo dado por outras pessoas da família.
No quarto dela, quadros com desenhos infantis feito pelos netos que hoje tem muito mais de 20 anos. Desenhos desbotados, amarelados, com fungo. Sinais do tempo. Na cabeceira foto dos filhos, crucifixos e seu velho e bom radinho de pilha.
Ela surge, linda, penteada, colar de pérolas, blusa de flores. Feliz, com sinais da idade e com a ansiedade de uma criança de 5 anos em seu aniversário. Eis que os convidados surgem, senhoras, senhores, bebês, amigos queridos, amigas do prédio, amigos da rua, o fisioterapeuta, a faxineira.
Lá, olhando a vovó, foi impossível não pensar no vovô. Ele que partiu há 5 anos e não esperou pelos 90 anos da mulherzinha dele. O quarto dele? Depois de 5 anos já está descaracterizado, mas os posteres de música clássica estão lá, o retrato feito à mão da esposa dele também.
Na hora do parabéns, o mais bonito, ela que até então observava tudo silenciosamente, fala: - Desejo que todos tenham a oportunidade de viver 90 anos como eu, pois sou muito feliz!
É, a gente esquece, mas estamos fazendo a nossa história a cada dia e depois tudo isso vira bate-papo em almoço familiar. Quando a gente dá risada, se emociona e se ama!
22/07/2010
Segundo semestre promete
Para iniciar, teremos o festival SWU, o qual merece um post destaque, porém este é para informar que foi confirmado shows de Limp Bizkit em outubro. Dizem que mais pro final, porém quem sabe eles não aproveitem o SWU e facilita para nós.
Zé, maneta mas desce uma.
Para aquecer:
16/06/2010
Comer, Rezar, Amar
14/06/2010
El Nido Vacio
11/06/2010
BFF
01/06/2010
Estava tudo indo tão bem...
28/05/2010
Filmes e mais filmes
Zé, tô igual ao capitão gancho.
24/05/2010
Da minha alma
Dessa eu vou ser tiete e correr atrás de um autógrafo. Se você ainda não a conhece leia "A Soma dos Dias" que conta a sua história e "Inês da Minha Alma" que mostra o tipo de literatura que ela domina.
Para os estudantes de espanhol é ótimo lê-la no idioma local. Lindo!
Paraty rules!
Ou seja, no final de semana que vem quem for até a cidade verá grandes nomes do jazz brasileiro e internacional na deliciosa atmosfera da cidade. Eu quero muito ir!
19/04/2010
Pantera
Outro show
Zé, muita saudade!
Moby Free
13/04/2010
Mafaro? Alegria?
Há duas semanas atrás, tive a oportunidade de ganhar de presente, ingressos para assistir ao novo show de André Abujamra, chamado de Mafaro (que significa alegria).
Eu, que já gostava de seus trabalho com Karnak, achei o conceito do showfilme fora de padrão. Um show que durou cerca de 1h que mais parece um Frankenstein, já que em uma hora você ouve músicas tribais, russa, africana. Além da ironia conhecida do figura Abjumra, o show teve participações digitais de Zec Baleiro, Evandro Mesquita, Luiz Caldas, Xis, Curumim, Marisa Orth e a banda que acompanha são os integrantes do Funk Como Le Gusta.
10/04/2010
A história da Carruagem
09/04/2010
Alice in Underland
10/03/2010
Pompeia 100 anos
03/03/2010
Colômbia
Pedido aceito. Aqui vai.
Tão simples e tão lindo.
Jogada fria,
Mas tinham combinado que iriam para ficar juntos,
para namorar, para aproveitar a noite fria da cidade.
Planos feitos com antecedência.
Presentes trocados.
O dia chega.
E a telefonia impede o combinado.
O show os separou.
Mas só o show...
01/03/2010
A ver
17/02/2010
A vila
Fita Branca é um filme para entender o nazismo alemão, apesar de se passar antes até da 1ª. Guerra. É um filme artístico, talvez pesado demais para os corações mais sentimentais, mas carregado de elementos que fazem um bom filme. As luzes e as câmeras, que passam longos minutos paradas, dão ao telespectador uma sensação de grande proximidade da vila onde as tragédias acontecem. São, principalmente, agressões físicas a crianças. Mas, em vez de facilmente se deixar levar pelos apelos emocionais do tema, o diretor Michael Haneke mantém um clima de suspense que –sem querer contar o final – subverte essa visão das crianças como vítimas no fim. O filme deve ganhar o Oscar de melhor estrangeiro. Mais sobre ele, aqui.
12/02/2010
500 dias com ela
Essa é a descrição do filme que conta a melhor história de amor dos últimos tempos. A história verdadeira. Sabe aquela coisa que o cara não namora com você porque ele diz que quer ficar sozinho, e um mês depois você encontra ele com a primeira baranga que apareceu? Ou seja, vida real! O filme ganha pelos diálogos, pelos figurinos e principalmente pelo karaokê deprê que eles sempre freqüentam. Vai lá, mais um filme gostoso de ver e que você gosta ainda mais quando sai do cinema. VTNZ – muito bom!
09/02/2010
Is this it?
O musical do Michael Jackson que tanto tempo ficou no ar nos cinemas é muito melhor do que o pintaram. O filme é incrível, o legítimo show do Michael, quase com o figurino completo. Eu não tinha noção de que o show estava tão pronto assim, estava todo mundo ensaiado, coreografado e quase que maquiado. No documentário dá para ver perfeitamente o talento e o profissionalismo do astro. Em uma cena do filme ele tem que esperar uma “deixa” para começar a cantar e quando o diretor pergunta – Michael, você quer que seja qual "deixa"? Ele responde – Não precisa de deixa, eu sinto a hora de começar a cantar. E nem preciso dizer que ele acerta e entra na hora certa e no tom. A sensibilidade dele com os dançarinos, com os arranjos, com as performances é incrível. Uma pena para o mundo da fama. A dica do VTNZ vale – alugue o DVD, baixe na internet, se vira. O show do rei merece! Avaliação VTNZ – muito bom!
08/02/2010
Será? O VTNZ vai abaixo
Invictus
Além das frases de Mandela, ou Mandiba como ele é chamado em sua língua de origem, o filme explora muito a força que o esporte tem para unir os povos. E olha que nem estamos falando de futebol e sim de rugby (que é um dos jogos mais grotescos que eu já vi). Em alguns momentos pensei que Clint Eastwood pesou a mão no“melodrama”, mas tudo justifica levando em conta a ótima história que ele tem pra contar. Avaliação VTNZ – muito bom!
26/01/2010
Esquenta!
Zé, e lá vamos nós!
23/01/2010
A bomba A
Nós íamos à escola, mas não havia mais aulas nem fins de semana de folga. Nós fazíamos treinamentos de guerra e também ajudávamos a demolir casas e reconstruir abrigos. Faziam isso tanto as crianças do primário como do ginásio. Era um trabalho muito pesado. Até então, Hiroshima não tinha recebido nenhum ataque aéreo durante a guerra. Todas as outras grandes cidades do Japão tinham sido bombardeadas. Como a cidade sempre teve uma base militar e o porto foi local de partida da marinha, pensávamos que a presença deles protegia a cidade.
No dia 6 de agosto, eu terminei de me aprontar para o colégio e estava saindo de casa. Eu morava a cerca de 600 metros da ponte em forma de T (local onde a bomba deveria ser jogada). Todos os dias eu passava por aquela ponte para ir à escola. Na época, quem era mais saudável, não podia pegar ônibus ou metrô. Tinha de ir a pé. Naquele dia eu estava atrasada para encontrar meus outros 319 colegas na escola. Às 8h15, exatamente quando eu lá cheguei, eu passava ao lado do grupo, que estava com o professor, e aconteceu uma grande iluminação. Eu tive a impressão de que o Sol caía sobre nós. Depois veio um vento muito forte.
Fiquei debaixo dos escombros da escola. Quando eu consegui sair dali, estava tudo escuro. Eu não achava ninguém. Eu fiquei bastante apreensiva porque não achava minhas colegas. Para todas as direções que eu olhava, eu via focos de incêndio.
Eu decidi sair rapidamente pelo portão da escola. As casas ao lado que antes existiam enfileiradas estavam destroçadas. Eu não via ninguém e não sabia para que lado ir. Então pensei em ir para a montanha Hidiana, porque sabia que lá havia abrigos antiaéreos.
No caminho, sob os escombros ao meu redor, eu ouvia vários tipos de vozes. Eu ouvia: “socorro”, gemidos, crianças chorando. Consegui chegar à ponte Tsurumi. Quando cheguei lá, o céu ficou mais claro e eu consegui ver alguma coisa. Havia pessoas nuas, com a pele descascando, o rosto inchado. Não se percebia se eram homens ou mulheres. Aí eu pensei em ver como eu estava.
Coloquei a mão na minha cabeça e senti meu cabelo cheio de cacos. Desci a mão para o meu pescoço e parecia que um pedaço da minha pele caíra. Nas pontas dos meus dedos parecia estar toda a pele das minhas mãos. Como recebi a radiação de costas, parecia que havia uma grande pelanca na parte de trás. As minhas roupas eram como trapos. Nisso eu me agachei, com medo de ser queimada pelo fogo que estava em toda parte.
Vi muitas pessoas pulando no rio. Com a luz, o Sol começava a queimar a pele das pessoas. Eu pensei em saltar também no rio, mas era muito alto onde eu estava. Continuei andando pela ponte. As pessoas que passavam por mim pareciam um grupo de monstros. No rio, eram muitos os corpos levados pela correnteza.
Vendo tudo isso, resolvi que ia continuar até subir à montanha, onde havia buracos de refúgio. Entrei em um e lá dentro era um inferno. Gemidos e gritos por todos os lados. Vi uma pessoa que tentava colocar o olho de volta no lugar. Havia gente também com as tripas de fora. Ninguém sabia ainda o que tinha ocorrido.
Depois da hora do almoço, finalmente chegou um trator militar. Eu consegui entrar nele e fui para Fuchucho, que é bem longe. Nesse local, encontrei cinco colegas e um professor da minha escola. As minhas colegas estavam com os rostos manchados e não enxergavam. Eu as reconheci apenas pela voz. Lá deitávamos sobre colchonetes de palha. Uma amiga minha gemia sem parar e faleceu ao meu lado. Transportaram-na sobre o colchão até o pátio, onde havia uma montanha de corpos mortos.
No fim do dia, eu recebi um tratamento. Mas como não há remédio para o que tínhamos, eles simplesmente colocavam óleo de soja sobre as queimaduras. Nos dias seguintes, as quatro outras colegas e o professor morreram. Eu sempre chorava. E depois de algum dia, o quarto onde eu estava ficou muito desagradável.
Havia muitos insetos onde eu estava. Eles colocavam ovos sobre as queimaduras. Depois esses ovos viram uns vermes que ficam andando pelo seu corpo. Eu tinha muita febre. Mas depois de vários dias, alguém do meu bairro veio e cuidou de mim. Tirou os vermes do meu corpo. Essa pessoa disse que era impossível retornar a Hiroshima. Aí eu pensei em minha família. Mas eu não podia fazer nada.
Minha avó estava no interior. Era bem longe, mas essa pessoa do meu bairro me levou até lá. Lá encontrei uma tia, minha vó e muitos outros refugiados. Não havia mais gaze para todos. A minha avó raspava pepino e colocava esse caldo sobre as queimaduras. Um dia, depois de eu perguntar, minha avó me trouxe uma caixa onde estavam os ossos de minha mãe e do meu irmãozinho de 3 anos. O meu outro irmão de 5 anos tinha saído para brincar e nunca foi encontrado.
O meu pai estava em outra cidade, onde ele recebeu a chuva negra. Mesmo assim, ele foi procurar pela família e me encontrou na minha avó. Quando ele chegou, ele não conseguiu mais se levantar da cama. As minhas queimaduras, graças ao pepino, melhoraram. Mas ficaram quelóides. A minha unha fica escura e sempre cai.
Meu pai aos poucos recuperou um pouco da saúde e voltamos para Hiroshima, onde fizemos um barraco. Ele era suficiente apenas para nos proteger da chuva. Isso já era novembro e ele ainda não andava. A cidade estava destruída. Eu pensava que tipo de vida nós iríamos ter. Meu pai com o tempo não se mexia mais. A distribuição do arroz atrasava e nós comíamos caules de batata e beterraba, apesar das previsões de que nunca mais surgiriam plantações novamente na cidade.
Terminou a guerra, mas a vida não melhorou. No ano seguinte, eu voltei à escola, mas a minha classe era muito pequena. Todas as alunas tinham seqüelas. Nós nos perguntávamos por quanto tempo mais viveríamos. Eu fui levada para fazer testes por um comitê de estudos dos afetados pela bomba. Nós éramos mais uma vez cobaias. Ninguém nos tratou.
Meu pai dizia: quero morrer! Em maio de 47, ele se suicidou.
Em 49, eu me formei no ginásio, mas não encontrava emprego. Mesmo com o calor, eu sempre usava manga comprida. Depois de dois anos, eu consegui trabalhar em uma doceria, mas fiquei lá só 6 meses. Porque um dia eu tossi e saiu sangue. Eu estava com uma gastrite aguda. Fui ao hospital. Eu tinha doença física e espiritual. Tirei um terço do estômago e fiz muita transfusão, onde peguei uma doença sanguinea.
Ainda hoje, com a mão direita, eu só consigo escrever e segurar o hashi. Eu uso facas e tesouras com a esquerda. É incômodo, mas eu ainda vivo.
No hospital, eu sempre procurava a morte, mas com o tratamento médico e com o apoio da minha avó, eu segui vivendo. Mas perdi o emprego. Quando eu me recuperei da saúde, minha avó morreu. Com isso, todos os meus parentes morreram. O sentimento que tenho é de que a guerra é muito triste. Não podemos fazer guerras. Eu levei 50 anos até consegui contar essa experiência. Até então, falar ou ouvir sobre a bomba era muito triste.
A bomba atômica não destrói só os seres humanos, mas tudo que tem vida. Nunca mais podemos usá-la. A radiação retida também influencia a vida futura. Ainda muitas pessoas continuam morrendo por causa dela. A minha força é muito pequena.
Eu preciso transmitir o que passei. Acho que é por isso que ainda estou viva. Meu trabalho e minha função são evitar novas bombas assim no mundo. Hiroshima tem obrigação de se unir ao mundo pela paz. Jovens, não se esqueçam de Hiroshima, Nagasaki e Okinawa! Mantenham este planeta.